sábado, 10 de agosto de 2013

O CASO BRUNO E O OCASO INSTITUCIONAL

Miguel Lanzellotti Baldez

“Vou denunciar por tentativa de homicídio”, disse o moço, com empáfia, na reportagem da TV Globo. E quem era o autor da solene ameaça? Com certeza e pose um promotor de justiça. Não um simples promotor, mas, de grau maior, um procurador de justiça, mas não um simples procurador de justiça, como os muitos da honrada carreira, quem jactou-se com a dita frase em muita má hora dita foi o chefe de gabinete do Sr. Procurador Geral de Justiça, soando a sua fala, pela proximidade do cargo, como se fora a fala mesma de seu chefe.

Em má hora dita, porque, como ficou claro em atos subsequentes, no habeas corpus concedido ao jovem manifestante que deveria ser penalizado, Bruno Ferreira Teles, e, principalmente, em repetidas tomadas de televisão, nas quais o moço Bruno, ao invés do eventual homicida, como pareceu ao ilustre procurador, não passara de vítima de “armação” policial à procura de um bode expiatório para justificar a costumeira violência contra o povo. Bem a calhar também para a Globo explicar o sentido da repetida qualificação dos militantes do povo, sempre chamados de vândalos ou baderneiros. Eis aí, como diziam os antigos, a mão que lava a outra...

A Globo, como sempre, lavou as mãos, haja muita água e sabão... A culpa, apressou-se ela em dizer, fora da polícia... Uma precipitação, completou, tendo o cuidado de poupar o Ministério Público. Não havia com o comportado militante nem a mochila apresentada pela polícia, nem, na mochila que não havia, coquetel molotov algum nem qualquer outro artefato.

Fosse este um canto literário seria hora de perguntar-se tanto à Secretaria de Segurança como ao Ministério Público: - “e agora José?” Mas não sendo, nem bastando que o MP, como aconteceu, faça de conta que nada houve e simplesmente requeira o arquivamento do inquérito instaurado contra Bruno, cabe um tanto ao Ministério Público e, outro tanto, à Secretaria de Segurança, prestar contas à Sociedade, ao Sr. Procurador Geral de Justiça conter os inconsequentes impulsos de seus promotores e procuradores, e ao Sr. Secretário de Segurança, por outro lado, a eventual responsabilização de seus policiais, por atos pouco ou nada éticos, para dizer o mínimo, como o praticado contra Bruno. Isso, sem descuidar-se do controle fiscalizatório do Ministério Público sobre a polícia.

O povo, nas ruas, no exercício pleno de sua soberania e poder constituinte, já não tolera mais, diante da violência institucional, os silêncios da autoridade.

Quanto ao Ministério Público, já demonstrou em administrações passadas, inclusive do atual Procurador Geral, que bem pode dar sentido democrático a seus princípios institucionais e bem cumprir a regra do art. 129 da Constituição Federal. E o que dele se espera, e quanto aos movimentos populares, esperança da democracia, força companheiros. Voltem quantas vezes sejam necessárias às portas do Ministério Público. Exijam dele, e não esqueçam da Secretaria de Segurança, uma verdadeira prática democrática, ocupem a Câmara de Vereadores e a Assembleia Legislativa, essas chamadas as casas do povo, para exigir o respeito que a vocês é devido.

Atentem companheiros para a participação direta na construção da sociedade. Vocês não estão mais contidos nos limites da presentação prevista no art. 1º da Constituição Federal não, limites que não se restringem hoje apenas ao plebiscito e ao referendo. Presentação é ampla, do povo e para o povo. E vocês a consolidaram na luta deste junho inesquecível.

PS1: Cadê o Amarildo? Porque o fato passou para a Delegacia de Homicídios? Com todo o respeito a novo delegado, mas é de se lamentar a substituição, no caso, do delegado Orlando Zaccone por sua postura ética e corajosa.

PS2: Seria o caso de dizer-se que em boa hora não funcionaram os GPS(s) do(s) carro(s) da polícia, nem as câmaras da(s) UPP(s)? Como explicar tantos acasos? Acasos?!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

HEIL?


Marcos Peixoto

O Führer, por diversas vezes, deixou clara a sua vontade.

E a vontade do Führer era lei.

Assim, por diversas vezes deixou claro seu intuito de recrudescer o combate aos “inimigos”.

E bastou isso para que seus comandados passassem a atuar, à margem da moralidade, com crueldade e desumanidade muitas vezes, mas dentro da nova “legalidade” instaurada pela vontade do Führer.

Não precisava sequer o Führer ordenar: seus asseclas agiam de forma automática, executando sua vontade.

E assim foram feitas invasões, desapropriações, desocupações forçadas, deslocamentos de cidadãos de seus lares, recolhimentos de mendigos e drogaditos, assassinatos em massa pela polícia oficial, sequestros e desaparecimentos de “inimigos” pela polícia oficial, prisões de jornalistas oponentes pela polícia oficial, torturas, criações de guetos...

Tudo em nome da vontade do Führer.

A grave questão, é que não estou a falar da Alemanha nazista: Heil, .................?

P.S.: Este é um texto interativo. Complete o sublinhado com o primeiro nome que vier à tua mente, e verás como tudo se encaixa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

MAS O OLÉ FOI DO POVO

Miguel Lanzellotti Baldez

Deram o circo, e que circo? Muito bem montado, com grandes atores e até deslumbrados cantores de fala afiada e serviços indecifráveis mas tendentes ao cinismo, ensaiando enfim um esforço de forte tendência global. O povo, porém, embora parte de si tenha ido ao circo, correu às ruas de todo Brasil, em lindas e inesquecíveis manifestações, gritando, para o tempo de todos os tempos, numa só voz: - senhores do circo olhem nós aqui, estamos vivos.
Aquele grito alcançou toda a nacionalidade, e todos ficaram atônitos, pois difícil lhes pareceu explicar o acontecido. Será que o povo acordou, ou apenas parecia adormecido ou dopado por mentiras, arranjos, disfarces e outras guirlandas perversas a ele oferecidas por discursos e praticas oficiais ou oficiosas.
Ou será que o povo resolveu descobrir se do falso manto que lhe concederam de gigante adormecido para cantar o verdadeiro hino de libertação, um hino que é dele, e só ele sabe e pode cantar? É isto senhores atônitos e embasbacados: esta gente toda, Brasil afora está exercendo no fato da história seu poder constitucional, um poder que é só dele.
Um olhar, pequeno que seja, sobre a história do Brasil revelará que seu povo só teve voz, nos momentos de insurreição, autênticos surtos revolucionários, como, por exemplo, em Palmares, Canudos, no Contestado, na Cabanagem e na atual ação política dos movimentos populares, valendo citar o MST, Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e MNLM, Movimento Nacional de Luta Pela Moradia. Pois agora é o povo todo que está nas ruas deste Brasil imenso descobrindo numa nova e fecunda práxis que mais lhe vale a presentação, o falar e agir por si próprio, e não a representação que bem serviu a burguesia quando fez a sua revolução, usando o povo para tomar a Bastilha para depois mantê-lo submisso pela força, ou pela teia de leis e normas que deram juricidade ao modo de produção capitalista.
Nos gritos da rua certamente descobrirá, neste empolgante exemplo de cidadania, que somente organizando-se em instâncias ou conselhos populares, como já vem acontecendo com os movimentos sociais poderá exercer em toda a plenitude o poder de presentar-se independentemente de partidos políticos e dar vida à democracia direta prescrita no artigo 1º da Constituição Federal.
É isto, enfim, o que a nossa gente está fazendo, assumindo o poder próprio de sua soberania, sem receio de abusivas e intoleráveis acusações dos porta-vozes do sistema.
Vândalos, com o sentido que dão a expressão, são eles, que vem vandalizando a nossa terra e o povo brasileiro há muitos e muitos anos.